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Ser pai muda tudo. Mas o que eu nunca imaginei é que meu filho me ensinaria tanto sobre ser líder — sem precisar dizer absolutamente nada.

Era só um dia comum…

Eu estava em casa, cansado depois de uma semana intensa no trabalho. A cabeça cheia de decisões, estratégias, números. Aquele tipo de dia que qualquer empresário conhece bem. E então, entre uma notificação e outra no celular, ele chegou perto de mim, com um brinquedo na mão. Não falou nada. Só ficou ali, olhando.

Eu demorei alguns segundos pra entender: ele não queria jogar, ele queria que eu estivesse ali com ele. Presente. Inteiro.

Foi aí que caiu a ficha: eu estava ali, mas não estava presente. E essa presença — ou a falta dela — diz muito mais sobre liderança do que qualquer discurso motivacional que eu já tenha feito.

Liderança não é sobre cargo. É sobre exemplo.

Naquele momento, percebi que meu filho não estava prestando atenção nas minhas palavras. Ele observava o que eu fazia, como eu reagia, o que eu priorizava. Assim como acontece com qualquer time, qualquer empresa. As pessoas não seguem o que você fala. Elas seguem quem você é.

E a verdade é que, por muito tempo, eu achei que liderança era sinônimo de comando. Hoje eu entendo que é sinônimo de coerência.

Aprendi isso com um olhar de poucos segundos.

Quando virei pai, também virei aprendiz.

Eu sempre achei que meu papel era ensinar — mostrar o caminho, passar valores, dar estrutura. Mas ser pai me mostrou que, às vezes, é o filho que nos educa. Nos obriga a desacelerar. A ouvir mais. A abrir mão do controle. A entender que nem tudo precisa de resposta imediata.

Liderar uma empresa exige muita coisa, mas liderar uma criança exige algo que pouca gente fala: sensibilidade.

E é justamente essa sensibilidade que fez toda a diferença no meu jeito de conduzir o Grupo Botta. Foi só quando eu comecei a observar mais e falar menos que eu percebi o quanto deixava escapar detalhes importantes — tanto na empresa quanto em casa.

Crianças não precisam de chefes. Precisam de espelhos.

Essa frase ficou na minha cabeça por dias. Porque no fundo, é isso que todos nós buscamos: alguém que a gente possa olhar e dizer “eu quero ser assim”.

E isso vale para um filho, para um colaborador, para qualquer ser humano que confie em você.

A paternidade me ensinou que a verdadeira liderança começa dentro de casa, nos gestos simples, nas decisões invisíveis, nas pequenas renúncias.

E quer saber? A empresa só ficou mais forte quando eu entendi isso.

O melhor líder que posso ser começa no pai que me esforço para ser.

Hoje, cada decisão que tomo como CEO carrega um pouco desse aprendizado silencioso. Porque, no fim, a liderança não se mede pelo número de funcionários nem pelo tamanho do faturamento. Ela se mede pela forma como você transforma o ambiente ao seu redor, sem precisar levantar a voz.

E se eu posso deixar um conselho para esse Dia dos Pais, é esse:

Cuide de quem te observa em silêncio.
Ensine menos com palavras e mais com presença.
Seja o líder que seu filho teria orgulho de seguir — mesmo que ele não diga nada.

 

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